terça-feira, 11 de junho de 2013

Desafios para o Fora Lacerda na rede


Na última eleição, se tomássemos por base a timeline de um facebook de um aluno da Comunicação Social da UFMG, o então prefeito Márcio Lacerda não seria reeleito.

Imagens, vídeos e textos eram massivamente compartilhados. Neste processo, a página do Movimento Fora  Lacerda era ao mesmo tempo um produtor de conteúdo e um agregador dessas diversas vozes.

Entretanto, por mais que fosse de conhecimento geral que as eleições seriam acirradas, havia a esperança de que Patrus Ananias acabasse eleito. O que não aconteceu.

Matheus Cherem, membro do movimento, comenta como a reeleição de Lacerda foi um banho de água fria para o movimento: 'Talvez tenha sido a ressaca da derrota da eleição. Se você olhar os votos totais, o Márcio Lacerda teve apenas 35% de votos totais, foi eleito porque teve muito voto nulo e branco. Lacerda não ganhou com ampla maioria. A eleição teve 20% de votos brancos e nulos, foi quase o tanto de numero que o Patrus teve.'

Mas voltemos à questão que guia este post: Apesar das estratégias de mobilização serem efetivas na mobilização de um certo público, ela deixa escapar uma parcela grande da população belo horizontina. Por quê isso acontece? Quais são as falhas do processo? Como a estrutura do facebook ajuda ou atrapalha o movimento?

Cherem atenta para a falta de penetração na mídia tradicional e a falta de dinheiro do movimento, que se sustenta de festas, apoio de sindicatos e vaquinhas. Segundo ele, o movimento não aceita dinheiro de fontes com as quais não concorda - políticos de oposição, empresas, etc. Além disso, não conta com penetração na mídia tradicional. Então, além dos encontros presenciais, as redes sociais são de extrema necessidade para o movimento, espaço de comunicação, informação, divulgação de ações e agregação de novos membros. 

O ativista concorda que o movimento na rede ficou restrito a um certo grupo social. 'Há uma falha nesse sentido. Uma forma de expandir isso seria ampliar os canais que a gente tem, comunicar com rádios comunitárias, disseminar o movimento para as periferias, mas é sempre muito dificil. Na 'quebrada' o pessoal tem muita desconfiança, com razão. Mano Brown fala ‘favelado desconfia de tudo, é uma cara que sempre sofreu na vida’. É compreensível que as pessoas desconfiem de um movimento que em sua maioria é de classe média, intelectualizada.'


Para ele o movimento só consegue ficar ativo se as redes estão animadas, se o Facebook tá com postagem frequente. 'O movimento é feito por pessoas. O público vai se renovando. Com o tempo quem tava ativo no começo vai se afastando, novas pessoas vão se aproximando. Só que as novas pessoas não conseguiram ter força de argumentação, legitimidade. Lutamos para trazer esse novo fôlego para o movimento', conclui.

3 comentários:

  1. "O movimento é feito por pessoas. O público vai se renovando. Com o tempo quem tava ativo no começo vai se afastando, novas pessoas vão se aproximando. Só que as novas pessoas não conseguiram ter força de argumentação, legitimidade. Lutamos para trazer esse novo fôlego para o movimento" - Deixa eu ver se eu entendi essa opinião do Cherem: essa foi a desculpa dele para o fato de que o movimento tá perdendo força? Estranho hem.

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. 'Há uma falha nesse sentido. Uma forma de expandir isso seria ampliar os canais que a gente tem, comunicar com rádios comunitárias, disseminar o movimento para as periferias, mas é sempre muito dificil...."
    Realmente complicado esses argumentos ,em qualquer movimento ou ativismo a comunicação e articulação como o maior numero de públicos e essencial , não dá para apostar tudo nas redes sociais.
    E muito mais complicado é ver esse movimento perder força nessa situação caótica que a cidade se encontra atualmente. A cidade precisa encontrar sua "voz".

    Pessoal parabéns pela escolha do trabalho.

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