terça-feira, 11 de junho de 2013

Perfil MGTV: análise, comentários e conclusão #3

por Adélia Oliveira, Cristiane Duarte, Marlon Henrique, Melissa Neves e Victor Lambertucci


    O propósito deste terceiro e último post é trazer uma análise dos mapas da abrangência do quadro “VC no MGTV”, disponibilizados no segundo post, e o comentário dos integrantes do grupo sobre este projeto que se propôs discutir um dos telejornais locais brasileiros mais tradicionais. Antes de prosseguirmos, faremos um breve parêntesis afim de complementar a discussão central do segundo post.


      No último post, apresentamos um contraponto entre a prestação de serviço e a autopromoção na Rede Globo e mais especificamente no objeto de estudo deste projeto, o MGTV. O telejornal abre espaço para quadros como o “VC no MGTV” e “Parceiro do MGTV”, o que representa o olhar para a comunidade, mas, ao mesmo tempo, não perde a oportunidade de divulgar a marca da emissora e frisar de que “esse é um projeto Rede Globo!”. Críticas cabíveis ao tempo destinado à autopromoção, ressaltamos a questão de que por trás da tela há uma empresa que, como todas as outras, precisa vender o produto – “seu peixe” – e divulgá-lo.  

      No artigo “Nos bastidores do entretenimento: a ação promocional” (disponível em: http://migre.me/eYBZD), a autora Marília Lília Dias fundamenta a discussão. De acordo com a pesquisadora, paralelamente às funções tradicionais da televisão, há uma que lhe é inerente e que se vincula às outras tantas: “a função promocional”. Ela explica que “dado caráter comercial das emissoras de televisão no Brasil, elas (as emissoras) precisam desdobrar-se entre o seu papel de veículo de comunicação – efeito comunicativo – e a sua condição de empresa de atuação no mercado (operação mercadológica)”. Essa personalidade dupla, por assim dizer, obriga que as TVs tenham a tarefa simultânea de qualificar sua produção e de buscar a maneira adequada de divulgá-la, ressalta Marília. A partir da fala da autora, é possível falar de uma diluição da “autopropaganda” não só nos intervalos comerciais, mas, de modo crescente, na fala dos apresentadores e no próprio conteúdo jornalístico. Marília Lília Dias afirma que há quem diga que “nunca se fala de alguma coisa antes de falar de si mesmo e essa tem sido a tônica das emissoras de televisão no país”.







    
    No decorrer do desenvolvimento do nosso projeto, pude perceber que o MGTV vem se adaptando no decorrer dos anos, com o objetivo não só de manter, mas também de aumentar seu público. É possível notar que o jornal apresenta um conteúdo variado, que vai de pautas sérias - como furos diários-, até matérias mais leves – como dicas de moda, que têm o papel de amenizar a “dureza” das outras notícias. Após analisar alguns quadros do telejornal, compreendi que a autopromoção não é um fator negativo do MGTV, uma vez que esta proporciona benefícios tanto para o público, quanto para o telejornal, como exemplo, o novo quadro “Parceiros MGTV”, que além de proporcionar a ampliação jornalística por parte do jornal, consegue retratar assuntos pontuais de certas regiões, que por sua vez favorecem o aumento da audiência do jornal.






    
    Realmente uma forma de conquistar novos públicos é indo a eles e, sobretudo, fomentando a participação direta desses com a programação das edições do programa MGTV. De fato, iniciativas participativas desse modelo possuem em si grande capacidade de sucesso, uma vez que , além de “alcançar” diferentes localidades e realidades, ainda, trás novos olhares a respeito de temas que , de certa forma, quem de fato vivencia pode dizer melhor: como em casos de lixões próximos às residências e a conseqüência negativa que estes trazem para os moradores das imediações: ratos, escorpiões, mal cheiro, etc. Também a questão dos custos para a execução de programas nos quais a própria população faz, deve sim ser mais barato. Haja vista que não há obrigação de ter profissionais acompanhando o tempo todo, como também, não há necessidade de deslocar uma equipe e sua logística completa para todas as localidades. É de fato um “dividir pra conquistar” de baixo custo , com chance de resultados satisfatórios e diversificados. Ainda a auto promoção a que o jornal se propõe e que não é resumida apenas nele mas em toda a emissora da Globo, é algo praticado e talvez até legitimado pelos telespectadores, afinal, há quem se orgulhe de assistir um telejornal ou emissora que está e/ou participa de iniciativas em seu bairro, em seu Estado e em seu país.







    Ao chegar à reta final do projeto pude perceber o quanto pode ser complexa a relação do MGTV com as localidades mostradas em seus quadros participativos como o “Você no MGTV”. A aparição de uma determinada localidade pode envolver diversos fatores como: público-alvo do telejornal, relevância do local em nível estadual e, os problemas abordados. Nesse sentido, é possível compreender algumas escolhas realizadas pela TV Globo, mediante ao perfil e objetivos do telejornal. Com isso, penso que o grupo conseguiu pontuar algumas questões que ainda devem ser aprofundadas, mas que abrem questionamentos pertinentes acerca do mundo possível de Minas Gerais retratado pelo MGTV. Por fim, gostaria de pontuar que, em minha opinião, o telejornal, embora com boas intenções, necessite de se aprofundar nas questões sociais e se distanciar da imagem de um simples mediador entre população e Estado.







    É certo que a prioridade conferida às noticias locais e ao jornalismo comunitário pelo MGTV ( primeira edição) contribui para sua aproximação do público. Isso porque, quanto mais relacionado à realidade do espectador, mais identificação com o conteúdo e com a forma do telejornal será provocada. Essa constatação foi reforçada ao longo da realização deste trabalho e trouxe à tona outro aspecto: a autopromoção. Por se tratar de um jornal transmitido no horário do almoço, o entretenimento é um traço presente e abre espaço para a promoção institucional, assim como o faz a aproximação do público. Há que se destacar ainda, que, independente de sua pertinência, a autopromoção é algo eficiente, no sentido mercadológico, para a sobrevivência de qualquer emissora e afiliada.


    Sou telespectador do MGTV há muito tempo e quando o coloco em comparação com o principal concorrente, Jornal da Alterosa, particularmente prefiro o primeiro, pela credibilidade e autoridade conquistados nos 40 anos de existência. A questão da autopromoção discutida neste trabalho é mesmo delicada quando paramos para pensar até que ponto é intrínseca à televisão e aos meios de comunicação e quando chega a um limite, no qual acaba se sobrepondo à informação e prestação de serviço ou se confunde com estes dois últimos. Fica muitas vezes a pergunta, não só no caso desse objeto, mas dos produtos midiáticos em geral: “fazem isso por audiência ou por responsabilidade social?”. Independente dessa motivação maior, quando projetos como o “Parceiros do MGTV” são colocados em prática é pelo menos razoável reconhecer sua relevância e valor, mesmo que críticas possam ser feitas.



   Após assistirmos ao quadro “Você no MGTV” e coletarmos informações sobre as localidades exibidas nos meses de janeiro, fevereiro e março do ano de 2013 foi possível a construção de mapas, que permitiram analisar de forma mais detalhada aspectos relacionados ao quadro do telejornal. Nele é possível observar que no período observado foram exibidos 30 locais da cidade de Belo Horizonte de um total de 52, representando cerca de 55 % do total, ou seja, pouco mais da metade. 

Tabela 1 - Cidades contempladas no "VC no MGTV"

   Com isso, os mapas demonstram que há sim cidades mais recorrentes no quadro do “Você no MGTV”, sendo a principal delas Belo Horizonte; o que sugere uma preferência de escolha da emissora em apresentar as questões problematizadas pelos telespectadores, de algumas cidades específicas. No caso como o jornal é ancorado de Belo Horizonte e essa cidade é a mais importante do estado, pelo fato de ser a capital, é compreensível que ela esteja mais na “tela” do que as demais. Também, não há como negar que por ser a principal cidade do estado ela é sim a mais desejada em termos de público, como também, por se tratar de uma cidade de porte considerável, é coerente que nela “exista mais assunto”, de toda em qualquer esfera: social, político, econômico e etc.

Tabela 2 - Bairros contemplados no "VC no MGTV"

   Outro aspecto importante, seria observar que dentro da própria cidade de Belo Horizonte há locais que apresentam maior visibilidade no quadro “Você no MGTV”. Nesse sentido, é possível notar que bairros, principalmente os mais tradicionais e os que apresentam maiores índices de desenvolvimento econômico, são mais vistos na “telinha”.

5 comentários:

  1. Concordo com a Melissa e acho que é super natural os meio de comunicação e principalmente as emissoras de TV realizarem uma autopromoção sobre o enfoque de abordagens sociais que aproximam a realidade da comunidade com a responsabilidade social que a televisão vem trabalhando ultimamente. Acredito que este é um processo natural das emissoras de TV e provavelmente nós, como jornalistas, estaremos cada vez mais habituados a produzir este tipo de conteúdo que aproxime comunidade e mídia.

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  2. Muito interessante essa postagem de vocês!! São raras as vezes que fazemos isso, mas na reta final dos trabalhos e bom refletirmos a respeito das experiencias e conhecimentos adquiridos. Achei interessante tambem o debate sobre a autopromocao. A respeito do quadro "voce no mgtv", acredito que belo horizonte tenha maior repercussao pois as politicas e os problemas sentidos na capital irradia para todo o estado.

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  3. Parece que chega um ponto no curso no qual a gente percebe que não dá pra ser determinista sobre nada em relação à Comunicação, não é?
    A gente espera que o jornal local cumpra esse papel da responsabilidade social, mas como negar que há uma autopromoção permeando a execução disso?
    E esse fator parece ser muito próprio da tevê. Como se a telinha desse voz aos menos favorecidos, fosse a lente de aumento e o megafone de quem não é visto ou ouvido. Aí é mais fácil perceber uma autopromoção nas tvs Globo, Band e Record, por exemplo, do que numa CBN ou até mesmo na Itatiaia.
    Gostei muito do trabalho de vocês. Acho que esse recorte dos quadros de participação dos telespectadores ajudou a dar um foco maior e a centrar a discussão. Parabéns! :)

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  4. Achei bacana a forma detalhada como vocês trataram a pesquisa e os dados coletados. E fica evidente o maior número de reportagens na cidade de BH e sua região metropolitana. Sobre a auto promoção acho que ela ocorre em todos os meios de comunicação seja rádio ou tv. Até porque a auto promoção não ocorre só em quadros colaborativos como esse mas sim em toda produção jornalística das emissoras que sempre prezam pela qualidade desejada pelo seu público alvo.

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  5. Pessoal, achei bacana que vocês optaram também por colocar as conclusões individuais de cada integrante do grupo, afinal a percepção é única em cada um, certo? O trabalho ficou excelente, é bem legal ver as mudanças pelas quais o MGTV passou para se adequar as mudanças em nossa cidade e no jornalismo também. Parabéns!

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