Para esse terceiro Relatório temos uma proposta diferente: durante o
projeto ficamos incomodados com a tremenda chatice incrustada no fazer
jornalístico das duas revistas. Começamos o projeto com várias ideias bacanas,
animados e realmente com a intenção de trabalharmos com revista quando
tivéssemos oportunidade, mas ficamos bastante frustrados com o que encontramos:
matérias/pautas mornas, sempre o mesmo batido da lata, a sala de redação deles
sem nenhuma agitação ou empolgação. E começamos, ao ler realmente as revistas,
a pensar: porque diabos alguém compra e lê isso? E por isso resolvemos fazer
uma pequena pesquisa para tentar entender como essas revistas sobrevivem em BH
e quem é o seu público, onde elas são encontradas, se há muitos assinantes,
entre outros motivos. Dentre as pesquisas feitas, destacamos algumas
interessantes:
Walfredo: psicólogo, consultório em um prédio comercial na rua Bernardo Guimarães
esquina com Avenida Brasil, clientes adultos
-Tem Encontro mas não tem viver em seu consultório;
- Conhece a Viver e sabe que o conteúdo é muito parecido entre elas
- Tem as revistas no consultório porque as recebe de graça tanto em seu
prédio comercial como em casa, os porteiros dão para ele;
- Não fez nenhum cadastro para recebê-las;
- Não as lê por falta de tempo, mas disse que alguns clientes comentam
artigos que leram na Revista Encontro enquanto esperavam;
- Pela entrevista é possivel dizer que ele deixa as revistas em seu
consultório porque “elas já tão lá mesmo”, já recebe de graça...
Kátia: secretária do consultório Odontológico no bairro Santa Terezinha,
clientes de todas as idades.
- Tem várias revistas no consultório (na sala de espera) mas não tem
Viver nem Encontro
- Quando perguntei se conhecia ela respondeu que já ouviu falar, mas
nunca leu (mas pareceu que não conhece e só respondeu que já ouviu falar pra me
agradar (haha)
- Não acha que faz sentido ter essas revistas no consultório, que
maioria são pessoas que deixam lá e de uma médica que assina e deixa as velhas
lá também
- A falta de conhecimento pode vir do fato de essa não ser uma área em
que são feitas entregas gratuitas, pois o perfil da área nao tem nada a ver com
o público alvo desejado pela revista.
Cássia: secretária da Vértebra - Clínica Dr. Jefferson Leal. Rua Padre Rolim,
815. Santa Efigênia.
-Não é sempre, mas de vez em quando a revista Encontro pode ser
encontrada na clínica;
- Disse que só leu ela uma vez, quando a capa foi da primeira mulher que
assumiu a chefia do Comando de Policiamento da Capital (CPC). A coronel Claúdia
Araújo Romualdo, de 44 anos;
- Segundo Cássia, ela só leu essa matéria porque ela estava na capa da
revista e por se interessar por todo tipo de notícia que envolva mulheres bem
posicionadas no mercado de trabalho;
- Durante o tempo em que estive no consultório, conversei também com
Angélica, ajudante de Cássia. Enquanto fazia algumas perguntas para ela, a
secretária ficou calada e fazendo suas tarefas, mas quando sua ajudante foi
embora, Cássia frisou que acha a revista muito fútil e que só gosta de ler
notícias que a enriquecerão. Após esse momento ela mudou um pouco o foco da
conversa, dizendo que estava lendo um livro sobre a história da Roma antiga.
Após papearmos sobre o assunto, ela me perguntou se tinha visto que a
presidência da TAM foi assumida pela primeira vez por uma mulher e se eu sabia
quem era Scarlet Moon;
- Cássia disse que só lê matérias de jornais ou revistas caso a capa
contenha alguma notícia relevante para ela.
Angélica: ajudante de Cássia na Vértebra
- Diz que de vez em quando lê a revista Encontro, mas quando isso
acontece, é em sua casa, pois às vezes o marido leva ela para Angélica.
- Angélica disse que gosta bastante do que lê na Encontro e,
principalmente, quando ela aborda assuntos infantis, já que tem um filho novo;
- Foi engraçado obter essas informações, as quais revelam que embora
pensadas para um público A e B, ela também pode agradar a outras classes.
Daiane: Consultar Centro de Atendimento Médico Ltda - Jd Inco
- Clientes de todas as idades
- Não sabe se tem Encontro. Têm muitas revistas misturadas e não dá pra
perceber o que os pacientes estão lendo, não consegue reparar se é popular ou
não. Nunca leu Encontro, não tem tempo de ler e não conhece a revista
Fernanda: Consultório Odontológico Dra. Danielle Cristina
- Clientes de todas as idades
- Não têm Encontro no escritório, não assinam. Assinam outras revistas,
não sabe definir quais. Nunca leu, não conhece a revista
Conclusão
A realização desse projeto foi interessante por podermos ter contato
real com o ambiente de produção de conteúdo midiático. Apesar do interesse
inicial que nos impulsionava ao elaborarmos a proposta, essa empolgação não
sobreviveu sequer à primeira visita. A escolha de duas revistas de grande
circulação em Belo Horizonte intencionava nos fornecer uma visão mais ampla do
fazer jornalístico na nossa cidade e, possivelmente, oportunidades de inserção
futura com mais conhecimento de como o circuito de revista belorizontino
funcionava. Nesse aspecto, não podemos reclamar. Realmente tivemos contato com
as revistas e entendemos o seu processo. Conhecemos as redações, conversamos
com pessoas. Cumprimos nossa missão.
Mas o que ficou da experiência foi um sentimento de decepção. Saber que
as limitações da produção jornalística para revistas em BH é grande, e que,
nessas revistas, os temas se restringem a amenidades das mais amenas, pautas
mornas, frias, congeladas e de pouco interesse de quem não for especificamente
seu público alvo. Por um lado, podemos dizer que a Encontro e a Viver produzem
revistas sob medida que se relacionam com os interesses específicos de seus
públicos e, por isso, conseguem ser rentáveis mesmo não sendo queridas.
Por outro lado, é importante destacar que esse não era o cenário que
imaginávamos e muito menos um cenário em que queiramos nos inserir
profissionalmente.
* cada integrante do grupo fez entrevistas individualmente e, nessa
postagem, cada um destacou duas.
Além dos estágios e programas de extensão, trabalhos como esse contribuem de fato para descobertas importantes acerca de nossas preferências profissionais enquanto jornalistas.
ResponderExcluirFelizmente vocês tiveram a oportunidade de saber mais sobre o contexto do mercado em que gostariam de se inserir.
Não podemos nos esquecer das publicações alternativas do estado. Sem considerar a questão mercadológica, do lucro, há bons materiais por aí!
Não se cansem de buscar por eles!
Confesso que fiquei surpresa com o post, eu também esperava um pouco mais das revistas, tive a impressão de que elas são pouco conhecidas e lidas, mas como vocês disseram, elas são voltadas para um grupo bem específico né. Concordo com a Melissa e acredito que vocês devem continuar a procura por um bom material e local de trabalho, pois como sabemos, não devemos generalizar!
ResponderExcluirhahahaha, ri muito do post. acho que o que fica de lição é o desafio que temos pela frente no fazer jornalístico nesse estado! boa sorte pra nós!
ResponderExcluirGostei de vocês terem explicitado a opinião de vocês e é uma pena que não gostaram muito da experiência com essas duas revistas. Achei legal também vocês terem entrevistado algumas pessoas e ri um pouco das respostas. Ambas as revistas são típicas revistas de consultório e pelo visto elas só estão lá porque foram esquecidas e não porque foi de interesse dos médicos.
ResponderExcluirDepois desse post acho que nem vou mais classificar as duas publicações como "revistas de consultório de dentista", porque parece que nem lá elas fazem sucesso.
ResponderExcluirAcho que quase tão importante quanto saber o que gosta é saber do que a gente não gosta. Ainda bem que vocês descobriram que não gostam desse tipo de produção ainda na graduação, e não quebrando a cara no mercado depois. Mas espero que ainda apareçam mais alternativas de revistas em BH! Que nem a Luísa disse, é um desafio mesmo (e acho qie em qualquer lugar), mas espero também que vocês consigam fazer a diferença nesse meio aqui em BH, se decidirem seguir esse caminho.
Acho muito importante esse contato que vocês tiveram com as revistas, principalmente por elas serem uma mostra de como é o jornalismo em BH. Acho também importante esse sentimento de decepção que vocês tiveram, porque ele nos relembra do quanto nós, futuros jornalistas, devem se esforçar para mudar o jornalismo e fugir desse lugar comum. Com certeza é possível fazer matérias muito mais interessantes que as apresentadas pela Encontro e Viver.
ResponderExcluirDoido demais ver como as coisas são do jeito que são, não é? Como vocês disseram em sala: Chatas!
ResponderExcluirMuito bom conhecer melhor algo e ter certeza que ali, ou pelo menos, da forma que o que se estudo está sendo feito, não nos interessa...
Como pensei em sala de aula quando vocês falaram sobre a chatice das revistas e do fazê-las: "talvez elas existam para a gente poder catar algum cocô de cachorro, para nos abanar e etc".... no mais, embora decepcionados, os relatos serviram não só para vocês, mas para muitos de nós!
É isso aí gente! Parabéns pelo esforço e tolerância e simbora!!!