Acompanhar as mudanças no perfil do público e,
mais que isso, entender as preferências, necessidades e o que chama a atenção
do expectador são desafios para qualquer meio de comunicação. Na
televisão, investir na interação com o telespectador, modernizar o cenário do
programa, polir ou informalizar a linguagem dos apresentadores, falar de
política ou amenidades são preocupações constantes. O MGTV se mostra como campo
fértil para essa discussão.
O MGTV é um telejornal local da Rede Globo de televisão, exibido em duas edições diárias, de segunda a sábado. A primeira edição vai ao ar a partir das 12 horas. O seu objetivo como produto jornalístico é repercutir as notícias de Minas Gerais, levando aos telespectadores as principais informações do estado. O programa faz parte do grupo classificado pela emissora como “Praça TV”, na definição do site da TV Globo: é o “Telejornal focado nas principais notícias locais e no jornalismo comunitário.”. Com a mesma proposta, outros telejornais locais como o SPTV, o RJTV e o NETV (Nordeste TV) atendem os demais estados e regiões do país.
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Dois aspectos ressaltam a relevância desse produto na discussão proposta. O primeiro é o fato de o MGTV ser um jornal local, por isso a relação com a comunidade é mais estreita, de forma que um buraco obstruindo a via de acesso a um dos bairros da cidade tem valor notícia, ou seja, é um fato relevante para ser noticiado. Esse vínculo foi o ponto de partida, por exemplo, do “Você no MGTV”, e da novidade “Parceiros do MGTV”, quadros com a participação direta do público, tema que será apresentado e analisado no próximo post. O segundo ponto são os recentes ajustes feitos na linha editorial do telejornal, que passou dar mais espaço para notícias de amenidades, como receitas, moda, decoração, etc.
Assistimos edições do MGTV 1ª edição (horário do almoço) da década passada a título de comparação (vídeos no fim do post). É claro que o espelho (conteúdo) de cada edição varia de acordo com uma série de fatores, mas a característica de um “jornal de hora do almoço” com a presença fiel – dentre outras – de reportagens amenas, como a casa invadida por micos em Belo Horizonte (edição de 2006), e entrevistas de estúdio sobre estresse, alimentação, ou ressaca (edição de 2001) são marcas desde os programas da última década aos atuais. Isso não quer dizer que o jornal deixa de lado a prestação de serviço ou as informações factuais e de maior peso, mas se preocupa em balancear os temas, pensando no horário de exibição, e claro, no perfil do telespectador.
No próximo post, a apresentação e análise dos quadros de participação direta do público nos ajudarão a perceber a aproximação do MGTV com o telespectador. A seguir, estão os vídeos de algumas das edições citadas.
EDIÇÃO DE 2001
EDIÇÃO DE 2006
Muito legal o projeto de vocês, meninos! É bem interessante perceber como casos, mesmo os mais sangrentos, são "aliviados" no MGTV justamente pelo horário de veiculação, e como ele serve para passar aos telespectadores noticias essencialmente mineiras que não seriam divulgadas em nenhum outro jornal. Um exemplo disso, que serve também de grande utilidade pública, é a cobertura que eles fazem do vestibular da UFMG, tanto antes da semana do vestibular como depois: avisam sobre o trânsito, horários, falam sobre os melhores lanches durante a prova e repassam algumas regras.
ResponderExcluirP.s: no segundo vídeo mostra CPM 22 fazendo show! Hahaha
Gostei muito do projeto de vocês pessoal. O texto de vocês deixa claro que já perceberam muitas mudanças no perfil do telejornal. Eu acho que seria interessante se vocês não desvinculassem essas mudanças do MGTV das demais mudanças da televisão aberta no Brasil. Existe uma demanda muito grande pelo entretenimento, e a televisão como um todo, inclusive telejornais são estruturados de acordo com essa lógica (é claro que tem uma preocupação com a informação, o factual e tudo mais que não é só entretenimento...) Outro ponto interessante é tentar conseguir números de audiência que mostrem como o público reagiu a essas transformações. Boa sorte no trabalho!
ResponderExcluirA existência de telejornais locais é realmente muito importante, uma vez que dá oportunidade aos telespectadores de assistirem matérias que se aproximam mais de sua realidade. Esse tom mais diversificado que vem sendo marca dos jornais dessa faixa de horário é de fato um ótimo assunto a ser analisado.
ResponderExcluirAh, achei a sugestão dada pelo Zé no comentário acima muito boa! Mostrar como foi a recepção do público em relação a essa mudança, se for possível, será bastante interessante.
Não sei se vocês ainda continuam com a proposta de mostrar as mudanças do MGTV ao longo do tempo, mas os assuntos abordados nas edições que vocês separaram - casa invadida por micos, entrevistas sobre estresse, alimentação, ressaca, cobertura de shows... - poderiam muito bem ser pauta de uma edição de 2013. Acho que o que muda é o "modo de fazer" mesmo, o tipo de linguagem utilizada, o tempo dedicado a cada segmento, etc.
ResponderExcluirMas a participação do público é algo bem interessante. Não sei se dá para afirmar que agora ela é mais ativa ou efetiva - talvez o desenvolvimento das tecnologias e o crescimento do acesso a elas tenha sido o diferencial, e não uma diferenciação na participação em si -, mas o destaque a esse aspecto dá um tom diferente ao jornal, passa uma sensação de proximidade ao telespectador, de certa forma.
Nos próximos relatórios seria legal pensar em como a abordagem das pautas do MGTV são muito próprias desse produto. A entrevista sobre o estresse, por exemplo. No jornal local ela pode muito bem ser focada em aspectos gerais do estresse, como lidar com ele, como fazer para não explodir, etc. Já no Jornal Nacional, o estresse muito provavelmente só surgiria se houvesse uma pesquisa científica de um órgão relevante sobre a incidência de afastamento do trabalho em cargos operacionais por conta de estresse.
Acho que O MGTV tem mesmo a proposta de representar os mineiros e apresentar á eles aquilo que tem de mais relevante para nosso dia a dia, mas, claro respeitando os moldes dos programas gerais que são exibidos nestes determinados horários. E é por isso, por essa influência exterior de caracterização destes programa que acho muito bem aplicada a colocação do José para também considerarem as mudanças na forma de estruturação geral da televisão, principalmente do jornalismo, e ainda acrescento a consideração dos moldes que a Rede Globo determina para suas produções.
ResponderExcluirFiquei curiosa para saber se com mais abertura para a participação dos telespectadores o (tipo de)público participante mudou e se os os outros telejornais locais também seguem esta mesma linha de pautas, como as entrevistas, por exemplo.
Achei muito legal o tema de vocês e esse relatório. É interessante perceber a diferença do MGTV para os jornais transmitidos na hora do almoço por outras emissoras . Enquanto os outros jornais dramatizam tudo, o MGTV suaviza os fatos, e não só os fatos, mas intercala as notícias com quadros que trazem receitas e dicas, como foi apontado no relatório. Acredito que essa diferença na abordagem do MGTV está relacionada ao público que o programa está direcionado. O público do MGTV é perceptivelmente selecionado. Isso fica claro também na forma de participação do público. Enquanto a maioria dos outros jornais desse horário que tem participação do público é feita via participação ao vivo, como um telefone, sobre uma matéria específica ou um sorteio.O MGTV, trás a participação de maneira diferente, trás um peso para o cidadão que denuncia algo e pede melhorias para sua vida, através de recursos como vídeos etc.
ResponderExcluirSe a Globo entende o MGTV como um Praça-TV e pretende ali noticiar as principais notícias locais, acho pertinente perguntarmo-nos se o telejornal em questão é eficaz neste sentido. O que é noticiado? Como é noticiado? Como essa postura amenizadora interfere no que é notícia?
ResponderExcluirBem pensado essa reflexão sobre o MGTV pessoal, essa característica de praça-tv realmente é muito bem explorada pela rede globo.
ResponderExcluirMuito bacana os videos , acredito que ao longo do tempo a mudanca mais significativa do jornal, seja a característica mais participativa adotada com o “Você no MGTV”.