terça-feira, 14 de maio de 2013

Projeto Editorial das revistas Encontro e Viver Brasil


Nesse relatório iremos analisar os Projetos Editoriais das revistas Viver Brasil e Encontro. Projetos editoriais estruturam: o nome da publicação, o objetivo, o público-alvo, a política editorial, a linguagem, as seções e a distribuição. Para isso analisaremos as informações coletadas em entrevista comparando-as com os dados encontrados nas edições nº 143 da revista Encontro e nº 102 da revista Viver Brasil.  



ENCONTRO


* Matéria : O professor Pardal de BH (pg 56). Essa matéria em questão foi classificada na revista como referente à negócios, mas logo a primeira frase que aparece é: “Que Patópolis, que nada! Belo Horizonte tem seu próprio professor pardal, o inventor mais famoso do Walt Disney”. A linguagem utilizada tanto nesse trecho, como em toda a matéria, é muito mais descontraída e informal do que o que se esperaria em uma matéria de negócios, causando certo estranhamento por parte do leitor, principalmente porque a revista tem como alvo os públicos A e B.

** Para uma revista que se orgulha de ter um projeto editorial bem definido, podemos diagnosticar algumas contradições. A revista é extensa, com grande quantidade de seções que despejam conteúdo ao leitor sem necessariamente categorizá-lo apropriadamente. A leitura é desgastante e desorientada, uma vez que parece faltar um fio condutor que organize o fluxo de ideias na publicação.
As edições especiais se mostram mais coesas, mas sua grande quantidade nos leva a questionar o julgamento do veículo chefe, que não só carrega suas próprias páginas de conteúdo, como ainda transborda em mais assuntos nas outras revistas.
Algumas seções possuem conteúdos que se misturam, como a de negócios e de economia. Embora sejam seções diferentes, o conteúdo costuma ser muito próximo. A própria editora-chefe, Neide Magalhães, relatou que geralmente quando a revista tem uma matéria de negócios ela não tem de economia. O grupo entende que esse exemplo pode ser aplicado para outras editorias, a exemplo das de lazer e diversão, o que corrobora em uma revista desorganizada, com temas dispersos pelas páginas sem orientação que dê clareza e consistência.

*** É de certa maneira estranho o fato de a revista ser distribuída gratuitamente para assinantes e ao mesmo tempo ser vendida. Se a relação de assinatura é apenas passar seus dados para receber a revista em casa e de graça, é de certo modo incoerente que ela tenha venda nas bancas.


VIVER BRASIL

**** Com a proposta de ser uma revista factual, a Viver Brasil parece atender bem à sua definição, a princípio. Ao se dedicar à leitura, porém, é fácil perceber que há matérias e abordagens destoantes.
Numa matéria de estética, por exemplo, é abordada a depilação artística de virilha. A matéria detalha o procedimento da depilação que se dedica a enfeitar a região pubiana com desenhos, iniciais e até mesmo pedras de strass. O texto não busca explorar o lado factual desse tipo de depilação, mas se dedica a relatar mesmo a experiência das depiladas, colhendo depoimentos e até mesmo oferecendo ilustrações dos diferentes tipos de desenho. A matéria também explora outras opções, como o adesivo e as pedras de strass.
“Embora (...) seja mais caro, o retorno é muito positivo. Vale a pena porque muda a rotina.”
F., 32 anos


A matéria de capa também demonstra falta de objetividade ao lidar com o tema, que era racismo na UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais). A matéria, que contou com depoimento de dois alunos negros, aproveita a repercussão midiática gerada pelo trote racista da turma de Direito e se lança na discussão acerca da abertura do espaço da universidade, que deveria ser lugar de inclusão e questionamento acerca dos paradigmas sociais. Não questionamos os relatos dos estudantes, nem a presença do racismo na UFMG, mas a abordagem da matéria. Ao invés de mostrar a universidade como um espaço em que o preconceito também está presente, a matéria se valeu das experiências dos estudantes para pintar a universidade como um cenário de propagação da opressão social, sem defensores do fim dos preconceitos.

Com os exemplos acima, fazemos uma crítica a alguns pontos do projeto editorial da revista. Ela parece ter a pretensão de se mostrar como uma publicação séria e comprometida com o jornalismo credível e respeitável, ao que a linguagem apresentada corrobora. Mas ao passar os olhos pela Viver, constatamos matérias com assuntos destoantes e outras que dão margem a apenas um lado da notícia. O que afeta o entendimento da política editorial e o objetivo da revista.







3 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Olá pessoal! Gostei muito da postagem. A princípio tinha a impressão de que as revistas "Encontro" e "Viver Brasil" tivessem uma estrutura e abordagem mais coesas. Porém, com base na análise realizada, pude ver que a situação pode ser diferente. Um elemento que me chamou a atenção foi fato da revista Viver Brasil ser quinzenal, garantindo, talvez, a proposta factual adotada. Tive só uma dúvida, o espaçamento entre os parágrafos seriam imagens das revistas? Parabéns pela postagem!

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  3. Marlon, quando a Nath postou parece que estava dando esse problema. Esse espaçamento não foi o objetivo do grupo, mas um erro na hora de postar.

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